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História

Histórias: A vida expressa às margens da via em Blumenau

Família Wruck assiste, há quatro gerações, a interminável construção da pista que liga o Centro à BR-470 e agora avança em mais uma etapa

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História da construção da Via Expressa de Blumenau cruzando a história do casal Wruck às margens da rodovia, sacada de Cristian Edel Weiss, Cristian Weiss, no Jornal de Santa Catarina, RBS, NSC Comunicação
Publicada originalmente no Santa em 30/4/2010


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Família Wruck assiste, há quatro gerações, a interminável construção da pista que liga o Centro à BR-470 e agora avança em mais uma etapa

CRISTIAN WEISS
BLUMENAU

Aos 56 anos, Nivaldo Wruck caminha sobre o asfalto da Via Expressa e a nostalgia vem à tona. Às margens da estrada, num sítio da Rua Fritz Koegler, no Bairro Fortaleza, em Blumenau, o produtor de leite viveu os últimos 30 anos. Da janela de casa viu o cenário cercado pela pastagem se transformar no asfalto cortado por carros em alta velocidade.

Resultado de um processo burocrático, passaramse 35 anos da criação do projeto à execução da Via Expressa, tempo que se confunde com a trajetória de Nivaldo, que ainda sonha em ver a conclusão do viaduto no encontro com a BR-470, etapa que começa a ser feita até segunda-feira. A área de oito hectares onde ele mora pertenceu ao avô Alberto, a quem visitava aos fins de semana nos tempos de garoto. Seguem lúcidos na memória momentos em que pescava num riacho nas tardes de sábado. O córrego teve o curso desviado para dar lugar ao asfalto que hoje corta parte da propriedade.

O garoto cresceu e conheceu Íris, a jovem de cabelos negros e largo sorriso com quem se casou. Da união vieram os filhos Maurício e Joseli e o convite, em 1979, para morar em companhia do avô no sítio. Ano em que a família ouvira falar pela primeira vez do sonho da Via Expressa, a autoestrada que permitiria acesso rápido à futura BR-470.

– Assim que veio a notícia, já tinha engenheiros marcando o terreno para traçar a Via Expressa. Uma década se passou, o mato tomou conta e nada aconteceu – recorda Nivaldo.

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Fundações da Ponte do Tamarindo foram feitas em 1992 

Em 1984 nascia Josiane, a caçula que cresceu ouvindo histórias do pai e do bisavô sobre a prometida estrada. Até completar sete anos, apenas ouviu. Pôde ver somente em 1992, ao lado do pai, as fundações da Ponte do Tamarindo, o primeiro trecho da via.

Após quatro anos, o susto: a estrutura da ponte caiu sobre a Rua 2 de Setembro. Enquanto a cidade lamentava o acidente, a família lastimava a morte de Maurício, o primogênito, eletrocutado dentro de casa. Hora de se recompor.

A ponte foi finalmente inaugurada em 1999. Proeza comemorada pelo avô Alberto, ainda esperançoso de ver a conclusão da estrada. Não a viu. Morreu em 2002, aos 99 anos, 15 meses antes do reinício das obras, paralisadas outras duas vezes até 2006. É quando vem ao mundo Grazieli. A loirinha de olhos arregalados pertence à quarta geração da família, que assiste da cerca de casa o sonho da Via Expressa, relutante em se realizar.

História da construção da Via Expressa de Blumenau cruzando a história do casal Wruck às margens da rodovia, sacada de Cristian Edel Weiss, Cristian Weiss, no Jornal de Santa Catarina, RBS, NSC Comunicação

Construção do viaduto está prevista para começar segunda

Se o tempo colaborar, a construção do viaduto da Via Expressa deve começar até segunda-feira, com o início da implantação dos quatro pilares principais que sustentarão o viaduto no encontro com a BR-470. A previsão é do secretário de Obras de Blumenau, Alexandre Brollo. Quem passa pelo local, já observa o canteiro de obras que está sendo instalado desde quarta-feira. Os trabalhos iniciais devem levar 50 dias.

O viaduto faz parte da segunda etapa das obras da Via Expressa e vai custar R$ 5 milhões. O prazo de conclusão restante é de 11 meses. A primeira fase dos trabalhos foi concluída em setembro de 2007 e consistia na ligação do Bairro Itoupava Seca à BR-470. Há ainda uma terceira etapa, que prevê outros quatro viadutos para integrar o trânsito com a rodovia. Mas somente será feita quando a BR-470 estiver duplicada.

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Projeto original previa acesso a Itoupavazinha

Idealizada durante a gestão de Felix Theiss como prefeito, entre 1973 e 1976, a Via Expressa fazia parte de um conjunto de obras modernas para reduzir o tráfego intenso no Centro de Blumenau e possibilitar uma nova ligação com o Litoral pela BR-470, uma alternativa à Rodovia Jorge Lacerda.

– Quando começamos a projetar a Via Expressa nem sequer havia a BR-470. A única garantia que tínhamos da rodovia era o compromisso firmado pelos governantes da época – recorda Theiss.

O então novo Plano Diretor de Blumenau, concluído em 1975, trazia o conceito de expansão da região Norte da cidade e favorecia a execução de duas obras principais para o escoamento de mercadorias e transporte. O Anel Norte – que compreendia as vias da Teka ao Sesi – e a Via Expressa, composta também pela Ponte do Tamarindo e o trevo com a BR-470.

No projeto original, a Via Expressa deveria alcançar a Itoupavazinha, próximo ao Aeroporto Quero-Quero. Na região, grandes indústrias começaram a se instalar, incentivadas pelo projeto de desenvolvimento da região Norte.

Mas, para ser executada, a Via Expressa dependia da aprovação do Plano Diretor pela Câmara de Vereadores, o que só ocorreu na gestão seguinte. O começo das obras da Via Expressa, no entanto, ficou para 1991, quando houve as primeiras desapropriações. Nos anos que se seguiram, a burocracia, a falta de recursos e os prejuízos causados pela catástrofe de 2008 impediram que a via fosse concluída.

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História da construção da Via Expressa de Blumenau cruzando a história do casal Wruck às margens da rodovia, sacada de Cristian Edel Weiss, Cristian Weiss, no Jornal de Santa Catarina, RBS, NSC Comunicação
Reportagem foi manchete do Santa

Linha do tempo

1975

A Via Expressa é idealizada como alternativa para ligar Blumenau ao Litoral, por meio da BR-470, que ainda seria construída. Projeto é elaborado na gestão do então prefeito Felix Theiss


1991

A prefeitura começa as desapropriações de famílias que moram na rota por onde será construída a autoestrada

1992


Maio – É dado o primeiro passo da Via Expressa com o início da construção da Ponte do Tamarindo

1996


Fevereiro – A estrutura metálica da ponte cai sobre a Rua 2 de Setembro. O acidente interrompe as obras, que são retomadas quatro meses depois

1998


Junho – É finalizado o transplante do tamarindo, feito para não ocorrer a mudança no projeto da ponte, que custaria mais dinheiro e levaria mais tempo

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1999


Dezembro – Ponte do Tamarindo é inaugurada após sete anos em obras

2003


Junho – As obras da Via Expressa começam no início do ano, mas prosseguem em ritmo lento, porque não chegaram os recursos federais prometidos para o primeiro semestre

2004


Maio – Faltam R$ 3 milhões para que a Via Expressa possa ligar a Ponte do Tamarindo à BR-470. Sem recursos, a construção do eixo principal é paralisada

2006


Janeiro – Obras são retomadas com previsão de término para outubro. Porém, a falta de verbas paralisa os trabalhos novamente em novembro

2007


Janeiro – Máquinas e tratores voltam ao trabalho no viaduto da Rua Francisco Vahldieck. O governo federal promete enviar R$ 1 milhão, mas o dinheiro não chega e a obra para mais uma vez

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Dezembro – R$ 4 milhões são liberados pelo governo federal. Porém, problemas com a prestação de contas e outras pendências atrasam a entrega da verba

2008


Setembro – Abertura programada para o dia 2, aniversário do município, é adiada devido à falta de detalhes na finalização da obra. As pistas são liberadas para o tráfego a partir do dia 28

Novembro –Deslizamentos de terra das encostas às margens da Via Expressa danificam gravemente o asfalto em seis pontos. Prejuízo estimado pela prefeitura é de R$ 11 milhões

2009


Março e Dezembro – Construção de muros de contenção nas encostas, reforma em passarela e limpeza do asfalto danificado são executadas pelo Departamento Estadual de Infraestrutura ao custo de R$ 15,4 milhões. Asfalto é recomposto pela prefeitura

Março – Convênio com a Agência de Fomento do Estado de Santa Catarina (Badesc) garante repasse de R$ 5 milhões para a construção do viaduto. Obras têm prazo de 18 meses para serem concluídas, mas a prefeitura pretende concluir em 12. Mesmo com a conclusão do viaduto, a Via Expressa não pode ser considerada concluída. Ainda há a construção de outros quatro viadutos que só poderão ser feitos com a duplicação da BR-470

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1 Comment

1 Comment

  1. Elvis Luiz Machado

    19/05/2020 at 01:03

    Material muito bom.
    Nunca deixe isso morrer.
    Estou procurando fotos antigas da construção pois eu brincava nesse lugar quando eu era criança.

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