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Profissionais do Santa contam o que sentiram após receber a dose contra o vírus H1N1, que em 2009 matou nove blumenauenses. Especialistas explicam por que ocorrem as reações
CRISTIAN WEISSBLUMENAU
Basta ir a um dos 33 postos de saúde com salas de vacinação, aguardar uns minutos e receber a injeção para se considerar imunizado contra a gripe A. O processo garante proteção contra o vírus H1N1, que ano passado atingiu 63 blumenauenses e causou a morte de nove.
A dose pode causar efeitos colaterais momentâneos, como dor muscular e vermelhidão no local da aplicação, febre leve ou dor de cabeça. As reações, semelhantes às que ocorrem com a vacina tríplice bacteriana (para tétano, coqueluche e difteria) e antitetânica, são normais e duram no máximo dois dias.
– Todas as vacinas injetáveis podem causar efeito colateral, faz parte do processo reativo. É sinal de que o corpo está respondendo ao estímulo e criando defesa própria – explica o diretor de Vigilância em Saúde, Marcelo Schaefer.
As doses contra a gripe A são compostas por vírus H1N1 morto que, ao entrar em contato com o organismo, estimula a produção de anticorpos. Segundo Schaefer, os efeitos colaterais estão relacionados diretamente ao processo inflamatório, desencadeado pela injeção, no local aplicado. Entretanto, não são todas as pessoas que apresentam sintomas. A maioria dos 25 mil vacinados em Blumenau relatou à Vigilância em Saúde apenas desconforto momentâneo.
Nesta semana, jornalistas do Santa se imunizaram contra a gripe A. A seguir você confere o que cada um sentiu e as explicações de especialistas sobre os efeitos colaterais após receber a dose.
Dor local
Quinta-feira da semana passada fui ao Ambulatório Marilene Aguiar, na Escola Agrícola, tomar a vacina da gripe A. O local estava cheio de gente, mas em 10 minutos a atendente chamou minha senha. À noite, na cama, senti que a região onde a vacina foi aplicada estava dolorida. Tive dificuldade para dormir por causa da dor. Sexta-feira, ainda tive dor. Sábado, não sentia mais nada.
Priscila Sell, repórter
Todo efeito colateral surge como resposta do corpo ao processo inflamatório desencadeado pela vacina para estimular o organismo a criar anticorpos para combater o vírus. A dor é sinal da inflamação do músculo agredido com a inserção do antígeno (vírus morto ou inativo) e de substâncias usadas para potencializar a reação inflamatória. Na maioria dos casos, o desconforto é leve e pode durar de algumas horas até dois dias.
Sem reação após aplicação no braço
Tomei a vacina sábado, no Posto de Saúde Central, em Balneário Camboriú. Fui preparada para receber a aplicação na região da cintura, como haviam me informado colegas de Blumenau. Mas, para minha surpresa, o pic foi no braço. Em menos de um minuto eu estava vacinada e não senti dor nenhuma. Nem após a aplicação.
Isabela Kiesel, repórter
A aplicação da vacina é feita principalmente no músculo localizado logo acima dos glúteos porque é menos sensível à vacina. No entanto, pode ser aplicado no braço, como será feito com os idosos que tomarão também a dose da vacina contra a gripe comum, aplicada a partir do dia 24 de abril.
Dor de cabeça e febre
Tomei a vacina contra a gripe A no último sábado, em um supermercado de Itajaí. No momento da aplicação, não senti dor. Sábado à noite comecei a ter dores pelo corpo e dor de cabeça, que durou até segunda-feira à noite.
Melissa Aragão, editora assistente
Reportagem foi manchete do Santa |
Desempenho catarinense
Até ontem à tarde, Santa Catarina havia vacinado cerca de
800 mil
pessoas contra a gripe A. O Ministério da Saúde listou o estado entre as
unidades da federação com melhor desempenho. Santa Catarina aparece ao
lado do Paraná, Maranhão, Goiás, Distrito Federal e Minas Gerais
Íngua
Tomei a vacina há uma semana. Cheguei na Estratégia de Saúde da Família Germano Puff, na Itoupava Norte, por volta das 10h, e fui atendida imediatamente, pois não havia fila. Além da dose contra o H1N1, tomei um reforço da antitetânica. À noite, as regiões onde foram aplicadas as vacinas ficaram doloridas. Também tive íngua, que sumiu em dois dias.
Cleisi Soares, editora assistente
Indolor
Fui segunda-feira à tarde ao Ambulatório Geral do Centro, em Blumenau, onde tive que aguardar por 20 minutos até ser chamado – sete pessoas estavam na frente. A aplicação da vacina, porém, foi rápida e indolor. No dia seguinte, nem lembrava que havia me vacinado.
Rafael Waltrick, repórter
Combinação de vacinas em gestante
Tomei a vacina dia 24 de março, junto com o primeiro grupo de risco, porque sou gestante. Havia apenas três pessoas na minha frente no Ambulatório Geral da Fortaleza. Tomei também a vacina antitetânica, mas não tive nenhuma reação.
Giovana Pietrzacka, repórter
Outros sintomas
Vermelhidão
Surge pelo aumento do fluxo de sangue que leva os anticorpos para o local da injeção. Dura poucas horas após a aplicação da vacina.Gripe incubada
Pessoas com sintomas iniciais de gripe podem desenvolver a doença logo após a vacina. Isso acontece porque o sistema imunológico que estava combatendo a gripe comum passa a dividir atenção com a vacina. Assim, o corpo concentra esforços na formação de anticorpos e combate do novo invasor, permitindo a evolução da gripe comum no período. O recomendável pelos médicos é aguardar a recuperação do organismo contra a gripe comum para depois tomar a vacina contra a gripe A.Calendário de vacinação
Até ontem, 25 mil pessoas se vacinaram contra a gripe A em Blumenau. O objetivo da Vigilância Epidemiológica é imunizar 64 mil blumenauenses. O calendário de vacinação segue até 21 de maio:✓ Até o próximo dia 23, serão vacinados adultos de 20 a 29 anos
✓ Entre 24 de abril e 7 de maio a vacina contra gripe A será aplicada a idosos com doenças crônicas. Nesse período, também ocorre a campanha de vacinação contra a gripe comum
✓ De 10 a 21 de maio, serão imunizados adultos de 30 a 39 anos
✓ Desde o início da campanha, em 8 de março, já foram vacinados funcionários de unidades de saúde, grávidas, pessoas com problemas crônicos e crianças de seis meses a dois anos. As gestantes que não tomaram a vacina, podem tomar em qualquer período
Fontes: Pneumologista do Hospital de Santa Catarina, Rogério Nadin Vicente, e diretor da Vigilância Epidemiológica de Blumenau, Marcelo Schaefer
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